Em Direção à Neutralidade Carbónica no Sector Turístico

Em 2015, o Acordo de Paris, assinado por 195 países, colocou as alterações climáticas entre as prioridades a nível internacional e definiu uma estratégia para o planeta, que pressupõe um foco constante no combate às alterações climáticas durante as próximas três décadas, principalmente através da diminuição das emissões de gases com efeito de estufa (GEE). 

Este acordo deu lugar a compromissos nacionais e internacionais relacionados com o clima, onde a neutralidade carbónica, a atingir em 2050, se transformou num dos passos essenciais para a mitigação das alterações climáticas.

Com este objetivo, o Parlamento Europeu aprovou, em 2021, a Lei Europeia do Clima que torna legalmente vinculativo o objetivo de redução de 55% das emissões até 2030 e o de neutralidade climática até 2050. Assim, têm sido estabelecidas diretrizes de âmbito europeu que visam incentivar a descarbonização de vários sectores industriais.

Neste contexto, em 2022, a Coordenação internacional Green Key lançou novos critérios para o Programa, que tornam imperativa a monitorização e a redução da pegada de carbono no sector turístico e que têm como base a importância do cálculo das emissões de gases com efeitos estufa, de modo a potencializar a sua redução.

Com este enfoque, o Green Key Internacional acredita que a gestão do carbono traz, além dos benefícios ambientais a nível global, vantagens económicas e de credibilidade no mercado, para os estabelecimentos turísticos, uma vez que o calculo da pegada de carbono permite aos seus  proprietários valorizar o negócio medindo, reportando e, em última análise, reduzindo a pegada de carbono das suas operações.

Neste âmbito, o Green Key Portugal realizou, no dia 11 de janeiro, uma sessão online que, para além de contextualizar os diferentes compromissos internacionais a nível da neutralidade carbónica, teve como objetivo apresentar soluções e vantagens de cálculo da pegada de carbono.

A sessão contou com a presença de Andreas Kuschmann,  fundador e sócio-gerente da AIM – Advice in Motion GmbH – uma empresa de consultoria independente com sede em Frankfurt, Alemanha, que fornece soluções de sustentabilidade com foco em estratégias de proteção climática. A AIM apoia clientes em vários países europeus, incluindo Alemanha, Suíça, Luxemburgo, França e Portugal, no calculo da sua pegada de carbono e na redução de emissões, com o objetivo de alcançar a neutralidade climática através da compensação de emissões inevitáveis.

Durante a sua apresentação, Andreas contextualizou a importância do cálculo da pegada de carbono por parte da industria hoteleira e apresentou os parâmetros seguidos pelo GHG Protocol, um protocolo internacional e reconhecido de cálculo das emissões de carbono.

Neste workshop participou, ainda, Joaquim Lourenço, gerente do Parque de Campismo Salema Eco Camp, que partilhou o processo para a obtenção do certificado de neutralidade carbónica, uma vez que o seu estabelecimentos foi, na região do Algarve, o primeiro a conseguir este reconhecimento.

No final da sessão, os participantes tiveram a possibilidade de questionar os intervenientes, durante uma discussão sobre os esquemas de compensação de carbono e sobre a relevância do cálculo de carbono, face à legislação europeia que se prevê entrar em vigor durante esta década.